Entrevista Prof. Dra. Silvia Beatriz Boscardin
Em parceria com a Assessoria Científica da BD, o equipamento BD FACSJazz contribuiu para o desenvolvimento de um projeto de colaboração empresa-laboratório.
1) Professora, há quanto tempo você trabalha com Citometria de Fluxo e qual principal interesse na metodologia?
Prof. Dra. Silvia: Trabalho com Citometria de Fluxo há 13 anos e a considero uma metodologia extremamente poderosa. Meu interesse reside principalmente na possibilidade que a Citometria de Fluxo oferece de fazer tipagens celulares em diferentes cenários. Por exemplo, atualmente é possível estudar várias populações celulares como linfócitos B, T e células dendríticas em diferentes contextos como durante uma infecção ou após a administração de uma vacina. Com a Citometria de Fluxo é possível inclusive estudar se a presença e/ou ativação de determinada população celular correlaciona com a aquisição de proteção contra determinada infecção. Também é possível estudar a dinâmica de desenvolvimento de determinadas respostas e entender as relações patógeno-hospedeiro para desenhar imunógenos mais eficazes.
2) Poderia nos contar um pouco sobre o projeto usando o BD FACSJazz?
Prof. Dra. Silvia: Nosso projeto tem como título “Clonagem e expressão de anticorpos monoclonais a partir de linfócitos B isolados de pacientes infectados pelo vírus da dengue”. Nosso principal objetivo é gerar anticorpos monoclonais humanos específicos para a proteína do envelope (E) a partir de material genético obtido de células B isoladas do sangue periférico de indivíduos diagnosticados com dengue. Anticorpos são ferramentas altamente eficazes que a evolução encontrou para nos proteger contra infecções. A geração in vitro de anticorpos específicos a partir de uma célula B única que reage contra uma porção específica do vírus permite uma imunização mais efetiva. O BD FACSJazz nos permite realizar esse isolamento célula a célula.
3) Qual é a principal vantagem do isolamento celular por Citometria de Fluxo para o seu laboratório?
Prof. Dra. Silvia: No caso deste projeto em particular, precisamos obter células únicas porque nosso interesse primordial é na sequência específica contida em cada linfócito B específico para a proteína do envelope viral. Sem o isolamento celular promovido pelo isolamento por citoemtria de fluxo e o single cell sorting, não seria possível obtermos as sequências específicas para cada célula B única.
4) A tecnologia de Sorting evoluiu nos últimos anos para atender a crescente necessidade de classificar e separar um único tipo celular de uma amostra heterogênea. Como o Single Cell Sorting e o Index Sorting contribuem para os resultados gerados pós-isolamento celular?
Prof. Dra. Silvia: Como mencionamos acima, somente com a tecnologia de “single cell sorting” será possível realizar esse projeto, pois nosso objetivo é clonar imunoglobulinas de um linfócito B único. O Index Sorting nos permite o rastreamento da posição da célula na placa de 96 poços com sua posição no Plot. Isso permite a correlação entre caracteristicas fenotípicas dessa celula e o tipo de anticorpo que ela irá produzir.
5) Qual foi a importância de ter um assessor científico da BD lhes auxiliando?
Prof. Dra. Silvia: A presença do assessor é fundamental pois ele agrega experiência em um cenário novo, facilitando bastante o uso do equipamento e a tomada de decisões quanto aos parâmetros e cores a serem utilizados.
6) A partir desse projeto de colaboração houve maior proximidade empresa-laboratório, qual impacto disto no trabalho do grupo?
Prof. Dra. Silvia: Certamente. A relação estreita entre empresa e laboratório de pesquisa é de fundamental importância para o progresso científico. Nos laboratórios normalmente nascem as necessidades que posteriormente são traduzidas em realidades pelas empresas. Essa tradução, seja em forma de aparelhos ou reagentes, permite que a pesquisa se aprofunde ainda mais e traga mais benefícios para a sociedade.